A cidade baiana de Vitória da Conquista recebeu a partir da última quinta-feira, dia 15 de julho, o 65º Conselho do ANDES-SN (CONAD). O evento ocorre no anfiteatro Glauber Rocha, que fica dentro da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). O tema central abordado este ano é o "Retorno presencial com condições de trabalho e políticas de permanência para fortalecer a luta por Educação Pública e liberdades democráticas". Vale ressaltar que este evento é o segundo maior espaço deliberativo da entidade, atrás apenas do Congresso, e se estenderá até o próximo domingo, dia 17 de julho.

 

A Aprofurg - Seção Sindical do ANDES-SN também está presente no 65º CONAD, através do professor Gustavo Borba de Miranda (delegado indicado por assembleia geral). As observadoras que levam a opinião da base são as professoras Angélica Miranda, Magda Vicente, Desirée Fripp e Marcia Umpierre. “Após 3 anos, o ANDES-SN está realizando o CONAD de forma presencial, depois do último que aconteceu em Brasília, em 2019”, salientou o delegado e vice-presidente da Aprofurg, Gustavo Miranda. 

 

Antes das discussões e das plenárias, como é de costume em todos os eventos do ANDES-SN, uma apresentação musical/cultural típica da região abre os trabalhos. Desta vez, a Marujada Mirim do Beco de Dôla, que é um projeto social do quilombo urbano beco de dôla, da cidade de Vitória da Conquista, localizado no bairro Pedrinhas, que através da música, transforma vida de crianças e adolescentes. Os instrumentos utilizados pelo grupo são feitos de materiais reciclados pelo projeto, que se propõe a valorizar a herança cultural do povo negro.

PLENÁRIA DE ABERTURA

Para dar as boas-vindas ao público do Conad, a Plenária de Abertura contou com vasta participação de entidades. Representantes da Associação dos Docentes da UESB (ADUSB), Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), AFUS - AFUS Sindicato dos Servidores Técnico Administrativo da UESB, Sinasefe, além da presidenta do ANDES-SN, Rivânia Moura compuseram a mesa.

 

A representante do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Luísa Senna, que é diretora de acessibilidade, observou que os próprios movimentos organizados de trabalhadores não estão prontos para receber pessoas com deficiência nos ambientes. Em seguida, destacou os desafios enfrentados nestes mais de dois anos de pandemia, em que os trabalhadores não tiveram o devido respeito por parte dos governos, vendo seus direitos sendo sistematicamente retirados. “Isso não é acaso, é produto de um projeto político de sociedade. Precisamos combater não só a criatura que ali está, mas os valores que ali o colocaram”, complementou.

 

Já a presidenta do ANDES-SN, Rivânia Moura, ao assumir a palavra, saudou a presença dos presentes e fez um discurso com base no termo cunhado por Paulo Freire, esperançar. “Iniciar o nosso dia aqui com a Marujada Mirim do Beco de Dôla é uma grande lição, além da energia e alegria contagiante, dá também o esperançar das nossas lutas, da universidade pública de portas abertas para concretizar seu propósito da educação como um direito”, disse.

 

Rivânia também fez um breve histórico das lutas travadas pelo sindicato no último período, destacando o protagonismo do ANDES-SN na luta para barrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, na defesa das pautas de reivindicações do funcionalismo federal e do Setor da Educação. 

 

“Temos feito história nesse último período com enfrentamento muito firme, em conjunto com outras categorias dos servidores públicos, contra a PEC 32 [Reforma Administrativa]. O Andes-SN foi, sim, uma das entidades que mais colocou gente nas ruas. O nosso esperançar é na luta, na nossa organização e mobilização”, disse, concluindo que a atuação dos servidores foi fundamental para que o Congresso Nacional não encontrasse forças para aprovar o projeto. Da mesma forma, a presidente atribuiu à luta da categoria a aprovou na, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, a PEC 96/22, que garante orçamento para a Educação, sem contingenciamento. “Só foi possível porque nós estávamos lá”, afirmou.



UNIVERSIDADE E SOCIEDADE

 

Também na parte da manhã foi lançada a edição de número 70, da tradicional revista Universidade e Sociedade, do ANDES-SN. Nesta edição semestral de julho de 2022, o tema foi "Retorno presencial e Pandemia: desafios do trabalho docente no contexto das transformações educacionais de 2022".

 

De acordo com o 3º secretário do ANDES-SN, Luiz Henrique Blume, a publicação dialoga com a conjuntura política e social, com os ataques enfrentados pela categoria docente, como a precarização do trabalho e ameaça de implementação do ensino à distância e híbrido, e com a luta empenhada em defesa da educação pública. Além disso, presta homenagem à Semana de Arte Moderna de 1922 e ao poeta amazonense Thiago de Melo. A revista foi distribuída aos e às participantes e também pode ser lida aqui.

 

Todos(as) os(as) participantes do evento receberam uma edição impressa da revista.

 

PLENÁRIA DE INSTALAÇÃO

 

Já no final da manhã deste primeiro dia do 65º CONAD, ocorreu também a Plenária de Instalação, com a leitura dos itens do regimento, bem como a discussão dos destaques, votação e aprovação. Houve mudança na programação. A manhã de sábado será dedicada ao Grupo Misto do Tema 3 e, já na parte da tarde, terá início a Plenária do Tema 2.



NÚMEROS DE PARTICIPAÇÃO DO 65º CONAD

 

Nesta edição do 65º Conad, 58 seções sindicais estão participando do evento, com 55 delegados(as), 109 observadores(as), 7 convidados(as), 26 diretores e diretoras do ANDES-SN, totalizando 197 participantes.



PLENÁRIA TEMA I

 

Os trabalhos da tarde iniciaram com a primeira plenária temática do evento, “Atualização do Debate sobre Conjuntura e Movimento Docente”. A pauta teve como objetivo principal a atualização do debate do ANDES-SN sobre conjuntura e movimento docente. Cinco textos foram encaminhados ao Caderno de textos e seu anexo, mas apenas quatro foram apresentados na plenária por representantes de seus autores e suas autoras. A mesa da plenária foi presidida pela 1ª tesoureira da Regional Norte 2, Andréa Matos, acompanhada pelos diretores Luis Augusto Vieira, Fernando Prado e pela diretora Gardênia Lemos.

 

Já a análise de conjuntura da diretoria foi defendida pela presidenta do ANDES-SN, Rivânia Moura. Segundo ela, a partir do cenário internacional, o Brasil continua sendo impactado pela crise capitalista, que teve início em 2008 e que se acirrou após 2020, com a sanha do Capital em se recuperar frente à pandemia de Covid-19 e à custa da vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.

 

Depois disso, as falas dos(das) docentes foram liberadas para os que estavam participando da plenária. As cinquenta inscrições foram intercaladas para garantir a paridade de gênero. As manifestações dos(das) participantes aprofundaram os temas trazidos pelos e pelas proponentes como a interseccionalidade da luta de classe e das lutas contra o machismo, o racismo, o capacitismo e a lgbtqia+fobia.  Também apontaram como a tarefa do Sindicato Nacional seguir na luta pela revogação da Emenda Constitucional 95 (do Teto dos Gastos ), em defesa da Educação pública, pela construção de uma greve do Setor da Educação e no combate ao bolsonarismo nas ruas e não apenas nas urnas.

 

“As discussões do primeiro dia foram organizadas e muito bem conduzidas, além da organização do evento que está impecável”, salientou o delegado da Aprofurg Gustavo Borba. Ainda segundo Borba, o Conad vem tratando de assuntos bem relevantes ao andamento do Sindicato. “Temos também alguns temas polêmicos, o que é normal dentro do processo democrático do ANDES-SN, mas também estamos discutindo alguns textos de resolução que ocorreram no último congresso de Porto Alegre, e não puderam ser discutidos naquele momento”, complementou.

 

GRUPOS MISTOS

 

Para fechar a programação do primeiro dia do 65º CONAD, os(as) docentes se dividiram em cinco grupos mistos, para continuar as discussões de vários Textos de Resolução (TRs). A atividade tratou sobre o Tema II - Atualização dos Planos de Lutas dos Setores e Plano Geral de Lutas.